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→ Odontologia e Diabetes Mellitus: tudo que você precisa saber

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As doenças crônicas abrangem boa parte da população brasileira e mundial. Vamos começar por uma patologia bastante comum e que ainda gera dúvidas: o Diabetes Mellitus. Como se trata de um blog odontológico, pretendo voltar a discussão para esta área específica.

1 – Diabetes Mellitus

O Diabetes Mellitus (DM) é um dos mais graves de prevalentes problemas de saúde pública. Alguns dados são assustadores. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), nos dias atuais, estima-se que cerca de 240 milhões de pessoas da população mundial sejam diabéticas, e segundo pesquisas, haverá um aumento de 50% na população de diabéticos nos próximos 15 anos.

Trata-se de uma doença crônica metabólica, de origem multifatorial, caracterizada pela diminuição ou ausência de insulina ou de seus efeitos no organismo, elevando o nível de glicose sanguínea. A glicose é a fonte de energia para o organismo, porém a concentração anormal desta no sangue causa vários problemas e, se não tratada, pode levar à morte.

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Os 3 tipos mais comuns de Diabetes Mellitus são:

Diabetes Mellitus tipo I (insulino-dependente):o próprio organismo produz células que atacam as células pancreáticas responsáveis pela produção de insulina. nesta condição, o indivíduo faz uso diário de insulina para controlar os níveis de glicose. Neste caso, o indivíduo já nasce com o problema;

Diabetes Mellitus tipo II: o indivíduo no decorrer da vida, desenvolve a doença a partir de hábitos de vida não saudáveis, porém, já apresenta uma predisposição genética. Geralmente, este tipo de Diabetes Mellitus pode ser controlado pelo uso se hipoglicemiantes orais (reduzem os níveis de glicose no sangue) ou através de dieta;

Diabetes Mellitus Gestacional: como o nome já diz, ocorre no período gestacional, podendo ou não desaparecer após o parto. As características são semelhantes aos do Diabetes Mellitus tipo II;

Na cavidade bucal, o Diabetes Mellitus repercute de diversas maneiras necessitando da intervenção do Dentista, para que as consequências não se agravem, provocando, dentre outros danos, a perda dentária.

2 – Características clínicas

A concentração anormal de glicose provoca inúmeras alterações locais e sistêmicas do diabético não controlado, isto é, sem controle da glicemia:

Poliúria (urinar bastante);

Polidipsia (excesso de sede);

Polifagia (alimentação excessiva e constante);

Perda de peso;

Dificuldades de cicatrização;

Problemas oftalmológicos, renais, circulatórios, neurológicos.

Dentre as manifestações bucais do Diabetes Mellitus, temos:

Alterações na mucosa oral;

Doença periodontal;

Dificuldade de cicatrização;

Xerostomia (diminuição do fluxo salivar);

Maior frequência de infecções oportunistas (ex. Fungos);

Alterações vasculares no ambiente bucal.

3 – Atendimento ao paciente diabético pelo Dentista

O tratamento do Diabetes Mellitus é essencialmente multidisciplinar, isto é, com envolvimento de vários profissionais de saúde para o tratamento do cliente. É importante a interação destes para o melhor acompanhamento do cliente, incluindo neste grupo o Dentista, já que a doença apresenta repercussões bucais.

O cliente diabético deve ter uma atenção especial por parte do Dentista. A dificuldade de defesa e cicatrização fazem com que determinados agravos se tornem mais avassaladores no diabético, como por exemplo a prevalência de cárie e a doença periodontal.

No diabético descontrolado ou descompensado, as células de defesa do organismo tem dificuldade de chegar ao local onde há inflamação dos tecidos orais.

Tal situação faz com que o agravo no local apresente uma velocidade de progressão superior ao indivíduo normal, do ponto de vista glicêmico. Um exemplo disso é a doença periodontal que, se não for tratada, evolui para a perda do dente.

A xerostomia (diminuição do fluxo salivar) está ligada diretamente aos mecanismos de defesa da cavidade oral contra as bactérias deste meio, incluindo aquelas que são responsáveis pelo aparecimento da doença cárie e da doença periodontal.

A anamnese entra como fator primordial para o sucesso do tratamento do paciente diabético, visto as particularidades que apresenta, que seja repercussões locais, quer seja repercussões sistêmicas. Na consulta, podemos identificar vários pontos como por exemplo:

  • Se o cliente é ou não diabético;
  • Caso seja, há quanto tempo ele se encontra nesta situação;
  • Se a Diabetes Mellitus está ou não controlada.

O fato da Diabetes Mellitus estar ou não controlada influencia na realização do tratamento dentário. Em alguns casos, o tratamento ficará inviabilizado para alguns procedimentos odontológicos, em decorrência da possibilidade de quaisquer tipos de problemas.

O Dentista pode fazer mão de diversos exames para obter informações sobre os níveis de glicose do cliente, que influenciará no atendimento ao mesmo no consultório odontológico, bem como fazer uso de exames de imagem (radiografias) para acompanhar o aspecto ósseo dos maxilares. O exame radiográfico de eleição é a radiografia panorâmica.

O exame comumente mais solicitado é a glicemia em jejum. Porém, este exame pode relatar apenas o momento daquela glicemia, após o jejum, em alguns casos. O exame de Hemoglobina glicosilada apresenta muita precisão, pois mostra a concentração de glicose em períodos prolongados, evitando assim alterações curtas por outros motivos, como pelo stress por exemplo.

Vale salientar que, muitas vezes, os clientes informam que estão tomando medicações prescritas, seguindo dietas , contudo, apresentando condições bucais de clientes descompensados, que podem ser ratificados através de exames laboratoriais para mensurar os níveis de glicose.

Outra situação importante é o não relato do cliente sobre sua situação. Por motivos diversos, os clientes não informam que são diabéticos.

Essa situação é perigosíssima, visto que tal fato também pode passar despercebido pelo Dentista, que poderá fazer uso de substâncias contra-indicadas para os diabéticos, como por exemplo anestésico contendo o vasoconstritor à base de adrenalina (aumenta a glicemia).

Além disso, perguntas sobre o aparecimento de outras patologias devem estar inclusas na anamnese, pois também influenciaram no tratamento odontológico. Por exemplo, sabe-se que um percentual considerável de diabéticos apresentam concomitantemente Hipertensão Arterial.

Após a consulta inicial, que deve incluir perguntas sobre o estado de saúde do cliente, inicia-se o atendimento odontológico propriamente dito. O cliente deve ser orientado a fazer uso das medicações prescritas pelo médico e se alimentar corretamente.

Apesar desta parecer uma informação básica, alguns clientes , por algum motivo, não se alimentam antes da consulta a fazem uso das medicações para controle da glicemia.

Neste caso, pode ocorrer um quadro de hipoglicemia, isto é, diminuição da glicose sanguínea. Este problema pode ser resolvido pela administração de glicose (um copo de suco, por ex.), desde que não haja perda de consciência por parte do cliente.

Em um tratamento odontológico, deve fazer parte da consulta:

  • Informações sobre o estado de saúde geral do cliente, incluindo a taxa de glicose sanguínea;
  • Solicitar exames laboratoriais e de imagem, quando necessário, sem o uso abusivo de exames em detrimento da avaliação clínica;
  • Interação com o médico do cliente, para promover um tratamento multidisciplinar com relação entre as partes;
  • As consultas devem ser, de preferência, rápidas, no turno da manhã, logo cedo, devido ao fato de, geralmente, a medicação ser utilizada neste horário e pelo fato do nível de stress está baixo;
  • Se possível, tentar reduzir o stress do cliente, visto que, momentos deste causam aumento da glicemia. Caso haja necessidade, pode-se fazer uso de medicações que diminuem a ansiedade;
  • Orientações ao cliente sobre auto-avaliação das condições bucais: é importante empoderar o cliente com conhecimentos básicos sobre possíveis alterações bucais, como gengivite ou presença de tártaro, por exemplo. Leia os post sobre gengivite e tártaro para saber mais detalhes;
  • Discutir com o cliente possíveis interações com outros problemas, como o uso de álcool e cigarro. Estes pioram acentuadamente as condições bucais e sistêmicas do cliente.

Determinados procedimentos, como cirurgias orais invasivas, necessitam de profilaxia antibiótica, com o intuito de evitar o desenvolvimento de infecções a partir do procedimento realizado.

4 -Considerações finais

É muito importante o acompanhamento deste cliente no decorrer de sua vida, não só por parte do Dentista como também por parte de toda a equipe multiprofissional responsável pelo cliente.

A 1ª consulta é muito importante para obter informações sobre o cliente. Exames complementares devem ser solicitados sempre que necessários para melhor entendimento da situação do cliente.

Consultas periódicas ao Dentista são importantes e necessárias para promover a prevenção de problemas bucais e atuar nos problemas já existentes, impedindo assim que estes de agravem, findando em consequências bucais mais graves.


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Grande abraço!

Wilson Correia Jr.

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